A PRÁTICA ESPORTIVA MERECE RESPEITO E CARINHO; POR MOACIR RODRIGUES

Vez por outra, abrimos espaço nesta página, para falar sobre o futebol amador do Município e, para tanto, apontamos seus vários aspectos, desde o esporte, como naturalmente o é, até o trabalho social que pode representar, passando evidentemente, pelo lado financeiro tão necessário para que os clubes possam se movimentar durante cada temporada.
Pode passar desapercebido por muitos a importância que o futebol amador pode representar para um município como São José do Norte, considerado um entre os mais pobres do Rio Grande do Sul e alicerçado em três pilares econômicos, onde somente um pode ser considerado como de melhor estrutura, como acontece com o polo madeireiro, que mantém uma atividade permanente, com várias indústrias que exploram a plantação de pínus, para extração de resinas e corte de madeira já que os dois outros - agricultura e pesca - ficam dependentes de clima e preços comerciais dos produtos, geralmente puxados para baixo, pelos atravessadores.
São José do Norte, podemos lembrar, já contou com um grupo expressivo de agremiações que mostravam o amor que o nortense sente pela prática do futebol, assim como a capacidade técnica apresentada por dezenas de atletas que fizeram o orgulho da comunidade e a cobiça de clubes de maior expressão do Estado por atletas da terra. Não podemos nos esquecer de que eram outros tempos, onde o cultivo da cebola era muito forte, oferecendo ao Município a denominação de "Capital Nacional da Cebola", quer pela excelência do bulbo produzido, quer pela quantidade de hectares plantados e colhidos e, com isso, um produto valorizado em todo o País, que permitia aos agricultores e também aos pescadores, que tinham fartura de peixes na lagoa e costa oceânica, aplicarem algum dinheiro nos clubes do coração. Com isso, o Município contava com agremiações fortes e campeonatos acirrados.

Posteriormente surgiu o tempo de vacas magras para a região sul. Outros Estados passaram a produzir cebolas que, embora de menor qualidade, eram colhidas em lugares mais próximos dos grandes centros consumidores e, portanto, numa competição que, aos poucos, foi desestabilizando o produto da região e, consequentemente, empobrecendo o agricultor, que passou a perder terreno a cada novo ano, até mesmo o título de "capital" para o município de Ituporanga, em Santa Catarina, onde o governo do Estado garantiu uma melhor política agrícola e de incentivo ao produtor de cebolas.
Os fracassos sucessivos das safras na cebolicultura e no pescado fecharam indústrias e descapitalizaram a comunidade. Na consequencia, sofreram os clubes, dos quais muitos tiveram que enrolar suas bandeiras.

Paralelamente a esse processo, o futebol foi se tornando caro pelo preço do material esportivo, manutenção das sedes sociais, encarecimento do sistema de transporte, inviabilizando o reerguimento de agremiações esportivas, inclusive com o fechamento da Liga Rio-grandina de Futebol, que tinha sob sua responsabilidade a organização dos campeonatos nortenses, deixando as agremiações remanescentes dependentes diretas do erário público que colabora, até hoje, para que o futebol mantenha-se em desenvolvimento.
O futebol amador, hoje, representa, por incrível que possa parecer, muito mais do que representava no passado, como diversão, pois se mostra como única opção de lazer aos fins de semana para o povo do interior que aproveita os jogos de futebol para encontros familiares em torno do clube de cada comunidade, que ainda possuem representantes nas disputas; a satisfação de torcer para um ou mais atletas familiares ou para os jogadores de famílias vizinhas e, enfim, para a confraternização em torno do mate, da cerveja e do pastel, na volta dos campos de futebol.

Devemos, por isso mesmo, dizer que manter o futebol amador ativo e, se possível, incentivar o ressurgimento de agremiações que "já enrolaram suas bandeiras", mas que mantêm, ainda, torcedores saudosos, é um dever da municipalidade como fator de integração social-esportiva e, também, gerador de dividendos para os cofres da Prefeitura, considerando que cada clube ativo representa procura de material esportivo no comércio; de bebidas e alimentos para as respectivas copas, nos dias de jogos; do aluguel do ônibus para deslocamentos das delegações e, também, na movimentação de bares e restaurantes, por atletas e torcedores, quando da visita a estádios adversários. Tudo isso gera movimentação financeira e, consequentemente, retorno através de impostos, aos cofres públicos.
Não bastasse esse fator importante, no incentivo ao futebol em suas categorias de adultos e juniores, há também o lado social, que bem trabalhado torna-se ferramenta importante para retirar das esquinas jovens e adolescentes em risco de vulnerabilidade e que, bem amparados pelas direções dos clubes, são levados a uma atividade sadia e de afirmação de caráter.
Claro que não somente o futebol deve ser incentivado. Outras modalidades esportivas também devem receber o apoio das autoridades municipais, como natação, basquete, vôlei, futebol de salão, atletismo etc e, ainda, outras como por exemplo, tradicionalismo e artes que podem se mostrar de fundamental importância para a formação da criança, hoje cercada pela marginalidade já instalada e, especialmente, pelas drogas que levam as vítimas à marginalidade e ao submundo, num lamentável processo de destruição da juventude.
Em 2010 a Câmara Municipal de Vereadores, através de projeto de autoria do vereador Luiz Carlos Costa, levando a assinatura dos demais componentes do Legislativo aprovou emenda ao orçamento do Município, destinando verba específica para aplicação nos esportes de uma maneira geral e, especialmente, ao futebol amador. Na oportunidade (campeonato de 2011), a Prefeitura deixou de colocar dinheiro nessa rubrica alegando falta de condições financeiras. No entanto, para o exercício presente, a rubrica continua ativa, podendo receber a verba especificada de apoio a uma organização racional do campeonato municipal de futebol, com possibilidade, quem sabe, de promoção do retorno às atividades, de velhas agremiações, para gáudio dos desportistas em geral e, em especial, para as comunidades interioranas.
Não podemos nos esquecer de que, através de solicitação de vereadores, foram liberadas verbas parlamentares por deputados ligados ao Município e região para a construção de quadras esportivas e, ainda, para a construção de cobertura de ginásio esportivo no Bujuru, sede do Terceiro Distrito.
Importante que se acredite e que se desenvolva - assim acreditamos -, como forma natural para o perfeito e seguro caminho aos mais novos, o tripé formado por educação, esporte e religião.
Matéria publicada no jornal agora, dia 06/12/2012
Por JORNAL AGORA, São José do Norte,RS
Moacir Rodrigues, @jornalagorars

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